7 maio 2007 - Egotrip    2 Comentários

Clarice Lispector

Clarice Lispector

Foi lendo o blog do Alessandro Martins que consegui ver a entrevista que a Clarice Lispector concedeu à TV Cultura em 1977. Em um dado momento, o Júlio Lerner fica meio aflito já que as respostas são curtas e secas. Mas ela já tinha dado o sinal durante a entrevista:

J̼lio Lerner: РQual o papel do escritor, hoje em dia?
Clarice lispector: – De falar menos possível.

E ela falava pouco. Mas conseguia escrever como ninguém.

Foram poucos os livros que li completamente, apesar de ter começado a ler quase todos. Acho que, por ter escolhido a ler primeiramente “Um sopro de vida” – um livro editado postumamente mas escrito na época em que ela estava brigando com o câncer que acabou tirando-lhe a vida – que escrito de uma forma visceral, arrancou-me todas as forças para lê-lo. Os outros livros não conseguiam convencer-me a entregar minhas forças novamente, exceto o seu “A descoberta do mundo“: uma coletânea de crônicas que foram publicadas no Jornal do Brasil.

Para quem não está habituado a ler, explico. Esta entrega é como a entrega ao amor, em que você confia cegamente no outro para andar pelos caminhos da vida. Com uma só diferença: você sabe quantas páginas o livro tem. E quando vai chegando perto do final, vai tendo aquele sentimento de perda e começa ler cada página como se fosse a última, um pouco a cada dia, para que ele não termine nunca.

Mas isto foi há décadas atrás.

Acho que agora dá para arriscar…


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2 Comentários

  • Ei, obrigado pela referência. Espero em breve poder retribuir. De qualquer forma, o seu link deve ter sido registrado na minha barra lateral.

    Porém, apesar de eu acompanhá-lo pelo feed, se houver alguma oportunidade em que eu possa retribuir textualmente e, por acaso, eu tenha deixado passar, não deixe de me avisar…

    Abraços!

  • Engraçado falar de Clarice Lispector e demonstrar sentimento parecido com o expresso por ela no livro: Felicidade Clandestina.

    Explico-me, a história versa sobre o empréstimo de um livro e o sentimento de perda/posse de o ter sempre consigo.